Wednesday, November 01, 2006

Regressando sim... de mãos dadas com mamãe!


Serei prático, não tenho muito a fazer, não tenho nada a fazer senão cuidar de mim mesmo. Tenho medo de voltar, não talvez da volta física, geográfica, espacial, mas medo de ver voltando dentro de mim, na mesma cidadezinha, a metrópole de paixão e sofrimentos que até hoje vivo no rechaço, no poeirento e colorido opaco sotão do meu coração.

Guardo na ânsia dos pés muito fogo das fogueiras que acendi, muita vontade de correr nesse chão; muita vontade de morrer nesse chão tive nesses dias, mas sentida a lembrança da mãe, a sobrevoar e invadir tão doce! e infestada a minha cabeça do seu cândido e solar sorriso, pondo-me aos olhos seus crivos, vendo-me assim, um filho todo perdido e seu, tão crivaddo de balas que não eram de festim, querendo restituir com remendos, tal qual fizera nas roupas de tanto tempo atrás com carinhos, para que eu voltasse a dormir, embalado no algodão, perfumado por seu beijo na terceira visão: "-- Dorme em paz, meu filho! mas enxerga por esse filtro de cores a beleza que é antes e depois. És por tanto o recheio dessas partes, infiltra teu filtro de artes e queima como os gravetos até o fim, eles nunca têm fim, seguem qual crispas, estrelas vermelhas, os olhos do diabo que não existe, voam pro alto, seguem em retorno a Deus. Vai como elas, alçadas ruins, tão boas de intento, são filhas do vento e se voltam pro sim diante do não da vida".

Tenho muito medo de voltar, mas novamente tomo o ônibus grande, o vapor do novo tempo, o que vai rasgando lamentos de motores e pólvoras de carabinas do ontem, tudo está tão aproveitado e ressurgido no hoje de ontem! O grande trem de rodas, corredor, segue apaixonado pelo horizonte. Nunca chega! Será que um dia vai chega?! Vou de mãos atadas com a minha mãe. Seguro e respiro sua segurança, tenho de novo dez anos, tenho de novo dez canos para soprar como um organeto de igreja, tenho de novo a peleja, e quem sabe uma vantagem no fim, se é que existe fim, se é que o ônibus que me trouxe, chegará um dia em algum lugar.

4 Comments:

Blogger Ju Lua...sobrenome indefinido até alguém ter coragem de me dar o seu! said...

Estou segurando sua mão nesse regresso, meu amor segue contigo e disso sabes...amo-te esposo!

10:11 AM  
Blogger Andrea Barros said...

" A gente nunca volta em círculos...sempre em espiral, ascendente ou descendente...
Decadente? Nunca. Isso é somente uma palavra que inventaram para cultivar o Status. A alma só ascende quando afunda na escuridão.

5:42 AM  
Blogger Jéssica Meneses said...

Não tens fogo somente nos pés. Os olhos e as palavras também são fogueiras ou incêndios...

9:42 PM  
Blogger Jéssica Meneses said...

Tomei de empréstimo o título de seu blog, para o texto que acabei de publicar (hoje é dia 23 de dezembro) no meu blog.

Obrigada por este achado!

10:44 AM  

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